Já pensou nisso?

Por hoje, 2 questionamentos: - Com que antecedência (quanto tempo) você começa a arrumar a sua mala pra sair de férias em uma viajem longa e demorada? E se essa viajem fosse pra sempre? - Se vc fosse o seu médico. Vc gostaria ou não de saber que está com uma doença grave e limitante como é o Câncer? Muitos familiares de pacientes me pedem: “doutor, não conta pra ele que ele tem câncer não! Quero poupa-lo...” como agir? O que vc faria? 🙏🏻
Este questionamentos está totalmente vinculado a primeira questão. Alguns pontos devem ser reafirmados: - o seu paciente não é o familiar. O seu paciente é o “doente em questão”. Lógico que a família deve ser envolvida integralmente no processo. Cabe ao médico orientar e esclarecer aos familiares. - É dever do Médico e direto do paciente, se lúcido e sem contra-indicação médica , dar e tomar ciência do diagnóstico, prognóstico e opções de tratamento. - Não existe paciente fora de possibilidade terapêutica. Sempre há o que fazer. O que muda é o objetivo. Nem sempre conseguimos conseguimos através da medicina oferecer um tratamento com intuito curativo. Muitas vezes a doença em questão está muito avançada e o que podemos e devemos oferecer é conforto, suporte e dignidade nesta hora crítica. Pode parecer pouco mas é MUITO! Quando vamos fazer uma viagem longa, começamos a arrumar nossa mala com semanas de antecedência. Imagine numa situação de doença avançada e com risco real de morte. O paciente tem o direito tomar ciência de sua condição e possibilidades, até para poder arrumar sua mala. Dar um último beijo. Os últimos abraços de despedida. Fazer a pazes com velhos amigos. Dizer as palavras que nunca teve coragem mas vão apaziguar seu coração, buscar refúgio em sua fé seja ela qual for, cobrar e pagar suas dívidas, dizer eu te amo, passar suas últimas lições a seus filhos e, até mesmo, se organizar financeiramente: partilha de bens em vida ou fazer um testamento pra fazer valer sua vontade. Cada um tem sua prioridade, mas esse direito não pode e não deve ser retirado pelo médico. Minha humilde visão da questão. Você enxerga de um modo diferente? Cordialmente. Dr. Antonio Felipe Santa Maria